Somente 10,3% dos jovens brasileiros têm aprendizado adequado em matemática ao fim do ensino médio, segundo o relatório De Olho nas Metas, divulgado pelo movimento Todos pela Educação.
Os dados foram atualizados com base nos resultados da Prova Brasil/Saeb 2011. Na nova atualização, o cenário dessa disciplina revela uma crise. Nenhuma unidade da federação atingiu a meta parcial de 2011.
Para Katia Stocco Smole, mestre e doutora em educação na área de ciências e matemática, nada justifica esse cenário. “O mais grave ainda é ficarmos apenas na denúncia e não mobilizarmos ninguém. Não há exclusão maior do que esta, onde se faz um funil apenas por uma disciplina”, fala.
Segundo ela, em todo o mundo os índices de proficiência entre os alunos são maiores em português do que em matemática.
“Não que seja mais difícil aprender matemática, a diferença é que o contato com a língua portuguesa é muito maior. Não ouvimos falar de álgebra na televisão.
Apesar da importância da matemática, o tempo de vivência com a língua portuguesa é muito maior”, diz.
Para Priscila Cruz, diretora do Todos pela Educação, é como se a matemática não estivesse na agenda pública. “Mal dá para ter respostas do governo (sobre os baixos indicadores). Faltam projetos estruturantes como um currículo nacional e uma política de formação de professores”.
Em língua portuguesa, ao contrário de 2009, a meta de 2011 não foi atingida. O percentual de jovens com aprendizado adequado nessa disciplina foi de 29,2%, para uma meta parcial de 31,5%.
Nos anos finais do ensino fundamental (9º ano) os indicadores melhoraram em relação a 2009, mas não cumpriram as metas. Em língua portuguesa, 27% dos alunos alcançaram desempenho adequado, para uma meta parcial de 32% para 2011. Em matemática, 16,9% para uma meta de 25,4%.