Vivemos esperando por grandes realizações na vida. Queremos mudanças repentinas e acontecimentos que nos transportem a um lugar melhor.
Queremos tanto estar num grau acima, à frente do momento presente, que às vezes nos esquecemos que qualquer mudança que seja requer esforço e dedicação.
Ela não acontece de um dia para o outro.
E nessa ânsia de querer mais, nos colocamos numa realidade fora da nossa atual, nos esquecemos de viver o hoje. Parece papo de livro de autoajuda, mas essa é a mais pura verdade.
Estamos esquecendo dos nossos progressos e como o trabalho de formiguinha é importante. De como é necessário tropeçar várias vezes antes do fim da estrada.
Estamos esquecendo que os processos pessoais acontecem de forma diferente para as pessoas.
Já parou para pensar em quantas vezes você se viu olhando o perfil de algum famoso ou acompanhando a vida de um colega que parece ser bem-sucedido nas redes sociais?
Posts de viagens, compra de carros e apartamentos podem nos colocar num lugar de querer lutar mais pelos nossos objetivos.
Mas também podem provocar pensamentos como “acho que não sou bom o suficiente”, “não tenho sorte mesmo” ou “nunca chegarei nesse patamar de vida”.
E não venha dizer que você nunca sentiu isso. Ter sentimentos de inveja e incapacidade é normal a qualquer ser humano. Mas antes que eles te peguem e te acorrentem, vale mencionar aqui que as redes sociais não são parâmetro para a vida real.
Lá todo mundo é bem-sucedido e não enfrenta dificuldades. Aliás, a grama do vizinho talvez não seja tão verde assim e você só esteja deixando de cuidar da sua. Ou pelo menos, olhar com mais carinho para si mesmo.
Nas últimas semanas me peguei refletindo (e também reclamando) sobre minha vida. Desde o início da pandemia até hoje, nada acontecia, nenhuma folha caia da árvore, nada de novo sob o sol.
Estive todo esse tempo todo presa na ideia de uma tal felicidade que só existe num futuro distante e na minha cabeça. Estava me cobrando viver coisas que não estava preparada e esquecendo das belezas que são conquistas diárias.
Quando isso começou a me sufocar, parei um pouco e anotei tudo num papel. Vi que só nesse período adotei um cachorro, comecei a namorar, quitei boa parte das minhas dívidas e montei meu home office quase do zero. Troquei de trabalho diversas vezes, perdi dinheiro, ganhei dinheiro. Desfiz metas, refiz planos e mudei meu pensamento diversas vezes.
Isso sem falar no que já conquistei bem antes a passos de formiga.
Percebi que estou esperando por grandes acontecimentos ao invés de viver um dia de cada vez e contemplar cada um deles. Estou esperando dias melhores. Mas quem não está, não é mesmo?
Claro que existem situações que mexem conosco de forma brusca e rápida como uma mudança de cidade, a coragem de largar o emprego que já não faz mais tanto sentido ou abandonar um relacionamento abusivo que minou sua autoestima.
Porém, nenhuma dessas coisas deve invalidar os pequenos processos que vêm a passos lentos. E que são necessários.
Nota final ou apenas um exercício que aprendi na terapia:
Pegue uma folha de caderno e comece a anotar as pequenas realizações da sua vida até o momento. Inicie pelas pequenas coisas, como juntar dinheiro para comprar algo pessoal que você queria muito, pagar uma viagem de férias com seus esforços, uma dívida que você se livrou, um presente que você deu a um amigo ou ente querido. Certamente, você terá uma lista enorme de acontecimentos e perceberá o quão longe está indo.
Por: Liz Santana
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