Números saltaram de 201 mil para 472 mil casos, entre 2022 e 2024
O afastamento do trabalho por transtornos mentais cresceu 134% nos últimos dois anos, segundo pesquisa do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, considerando os dados de acidentes no trabalho do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As estatísticas são alarmantes e apenas reforçam a importância de que as empresas devem ter mais cuidados com as condições de saúde dos colaboradores.
Os números saltaram de 201 mil para 472 mil casos, entre 2022 e 2024. O Ministério Público do Trabalho (MPT) aponta que o estresse é o principal responsável pelos afastamentos acidentários, ou seja, períodos em que o trabalhador se ausenta da empresa devido a acidentes ou doenças ocupacionais para reabilitação. O estresse representa 28,6% dos casos, seguido da ansiedade (27,4%), episódios depressivos (25,1%) e depressão recorrente (8,46%).
Já em relação aos afastamentos em geral, os episódios depressivos (25,6%), ansiosos (20,9%) e a depressão recorrente (12%) são os mais comuns, respondendo por 460 mil benefícios, concedidos pelo INSS, apenas em 2024.
As doenças ocupacionais estão cada vez mais comuns entre brasileiros, em decorrência de uma série de fatores, como rotina agitada; obrigações e cobranças; prazos; assédios de caráter moral ou sexual. Apesar dessa crescente necessidade de cuidados com a saúde da equipe, a norma definidora de diretrizes para a saúde no ambiente de trabalho segue sendo adiada pelo governo. A normativa incluiria informações sobre a saúde mental para reduzir fatores impactantes da mente, como estresse, assédio moral e sobrecarga.
A NR-1 apresentaria todas as diretrizes para garantir a saúde dos trabalhadores com dignidade e qualidade de vida. A inclusão dos riscos psicossociais permitiria ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) fiscalizar as empresas e aplicar multas em casos de situações inadequadas.
O fato é que as empresas também deveriam adotar um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), estabelecendo o próprio documento com os riscos ocupacionais e ambientais para prevenir doenças como o burnout e a depressão. A proposta inicial era a normativa entrar em vigor no fim deste mês de maio, porém, a pressão dos sindicatos patronais contribuiu para o adiamento.
As empresas têm diversas formas para demonstrar a importância do colaborador e o quanto os valoriza como mão de obra e pessoa. Algumas dessas ações envolvem o feedback construtivo, elogios, reconhecimentos, comunicação aberta e transparente, comunicação de resultados, interesse em manter um local de trabalho saudável e garantir oportunidades de crescimento.
Por: Ângela Mathylde Soares
Neurocientista, psicanalista e psicopedagoga
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