Com a meta de enxugar custos em tempos de crise e modernizar suas estruturas, as empresas brasileiras eliminaram mais de 1 milhão de vagas de gerência e supervisão ao longo dos últimos dez anos.
Dados pesquisados pela Folha no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que esse processo se acelerou entre 2015 e 2017, período em que o país viveu a maior recessão desde os anos 1980.
Apenas nesses três anos, ficou em 538 mil o saldo negativo entre contratações e demissões de gerentes e supervisores em regime de carteira assinada. O ranking das ocupações em 2017 ajuda a ilustrar o movimento. Entre os dez campeões de postos eliminados, cinco estão na chamada "chefia intermediária": supervisor e gerente administrativo, gerente de loja e supermercado, gerente comercial e gerente de vendas.
"A maior parte das empresas colocou as lideranças no limite nos últimos anos", afirma Ricardo Basaglia, diretor-executivo da consultoria Michael Page. "Com a crise, o mercado consumidor diminuiu de tamanho, e as empresas se adequaram a esse novo cenário", avalia.
Em parte, isso pode ser explicado por um processo que vem desde os anos 1990 e que foi batizado de "horizontalização". Se há duas décadas era comum que grandes empresas tivessem até 20 níveis diferentes de hierarquia, o uso da tecnologia e a busca por custos menores reduziram esse número a um quarto.